quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Reforma ortográfica

http://www.okconcursos.com.br/apostilas/apostila-gratis/135-portugues-para-concursos/483-reforma-ortografica   selecione o link com o lado direito do mouse,ai é só ir,boa leitura

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

terça-feira, 22 de maio de 2012

Samba da Vitória

Você perdeu,
você perdeu,
quando pensou,
quando pensou,
que me ganhou,
que me ganhou,
e que pra mim
não haveria
mais saída

Você perdeu,
você perdeu,
quando pensou,
quando pensou,
que me ganhou,
que me ganhou,
e que pra mim
não haveria
mais saída

Mas sempre há,
mas sempre há,
uma saída,
uma saída,
sempre existe
uma porta
nem que seja
escondida.

você perdeu
quando pensou
que me ganhou
e que pra mim
não haveria
mais saída

Mas sempre há
uma saída
sempre existe
uma porta
nem que seja
escondida

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Sopa de Letrinhas

No dia a
vou comprar
muitas abelhas,
esperar elas
fazerem mel,
e vender tudo na feira

No dia e
vou desenhar
um elefante,
vou contar
para os amigos
como ele é gigante

No dia i
vou caminhar
para a igreja,
lá irei rezar
muitos pais nossos
e orar pela pobreza

No dia o
vou olhar
pela janela,
ver as paisagens
das montanhas
e pintar um quadro delas

No dia u
quero voar
como os urubus,
vou imitar
um avião
com os braços e as mãos

Com o a e i o u
vou fazer
uma canção,
e dizer para
o mundo inteiro
que veio do coração

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Água`deu-Água`levou (Parte l )

Mas um domingo aparentemente comum na vida do rei do império dos àgua`deu,depois de vários séculos de intrigas,conspirações,ameaças de guerra e guerra fria,hoje,unido ao reino dos àgua`levou.
Com os dois reinos agora feito um só,sua majestade àgua`deu-àgua`levou tornou-se senhor de um pequeno e grande reino,pequeno pois possui poucas áreas possíveis de serem habitadas e cultivadas, e grande,pois possui um sistema de cobrança de impostos comum nos dois reinos,suspeita-se que a união se deu por conta deste sistema,apesar de ter sido criadas lendas,como por exemplo uma que diz que os reinos dos àgua`deu em um passado distante foi criado pelo reino dos àgua`levou,entre outras.Mas saberemos mais sobre o sistema de cobrança de impostos dos dois reinos,e se foi de fato isto que os uniu,até por que sem muito o que fazer.o rei costuma contar como aconteceu a união,mas não hoje,"o dia da visita do rei".
Sua majestade esta impaciente sobre a ponte do castelo,aguardando o momento de entrar na carruagem real para o único compromisso real.Todo último domingo do mês o rei visita os povoados unidos do seu reino,distribuindo sua simpatia real e um dobrão de bronze para as crianças do reino,que o aguardam ansiosamente..
-Onde esta a carruagem real?onde esta?o dia logo amanhecerá e preciso visitar meu povo!Grita a um de seus súditos,que trata de defender o cocheiro.
-Sua majestade,a visita começa a um quarto de areia em vossa ampulheta real e ainda estamos a um quinto de areia.
Não importa,acordem o cocheiro! não pretendo perder um minuto sequer deste dia glorioso.
É compreensivo que sua majestade esteja ansioso,sem quaisquer compromisso oficial,além do dia da união dos dois povos uma vez por ano e que não passa de um discurso na presença de poucos súditos insatisfeitos um grande número de cobradores de impostos além dos astrólogos do rei,a abastada aristocracia e seus ministros..
O último domingo de cada mês é um dia especial,instituído por ele depois de anos a fio de marasmo e tédio "o dia da visita do rei".Finalmente sua majestade poderia usar outros trajes reais,alem do usado no dia da união,já meio roto e empoeirado,mas devidamente restaurado.
-Vamos cocheiro,ande com a carruagem,precisamos percorrer mais de vinte povoados em apenas um dia.
A carruagem era mesmo digna de um rei,carregava um baú com vinhos das melhores safras dos reinos,o espaço interno para oito pessoas confortavelmente sentadas ou em pé,mas ficar em pé dentro da carruagem real era uma mordomia que só se permitia ao grande rei dos àgua`deu-àgua`levou,ninguém ousara descumprir tal rito sob pena de ser privado da companhia do rei e muito provavelmente da propia liberdade.A frente,oito cavalos arreados,crinas longas bem aparadas,selas revestidas com finas camadas de ouro e prata,cavalgando a luz do dia refletia riqueza,a noite,sob a luz da lua,era reconhecida a grandes distâncias.
Ao lado do rei na carruagem os súditos de sempre,com exceção da nobre e bela rainha dos àgua`deu-àgua`levou,de aparência entediada pois não compartilhava do mesmo entusiasmo do rei,via aquelas idas aos povoados um gesto repetitivo e inútil,além da poeira da estrada que ao final do dia deixava em todos uma camada de pó,que ela odiava,os outros eram o bobo da corte,o nobre ex ministro do extinto ministério da segurança,extinto por que só quem tinha segurança era o rei,o nobre ex ministro do extinto ministério dos castelos,extinto por que só quem tinha castelo era o rei,o nobre ex ministro do extinto ministério das estradas,extinto por que as estradas eram péssimas,o nobre ex ministro do extinto ministério da paz,extinto por que a paz reinava,pelo menos entre a abastada aristocracia,e o nobre ex ministro do extinto ministério das carruagens,extinto por que só quem tinha carruagem era o rei,e os sábios do reino aconselharam o rei que ter um ministério só para a carruagem dele,poderia causar um certo desconforto entre seus súditos.
Correndo por fora da carruagem,e a pé,um recém chegado vassalo,que ganhou fama no reino por ser um súdito muito submisso,além da cavalaria da segurança real.
.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Vida de Pedra

Na escola dessa vida
Sempre me surpreendo
Procuro dar dez a tudo
Acabo sempre devendo.

Dizem que uma andorinha
Sozinha não faz verão
E que uma só boa atitude
Não faz um bom cidadão.

Para se construir um castelo
E não perder nele o coração
É preciso bater o martelo
E não padecer de ilusão.

O trabalho te dará o privilégio,
De comandar e fazer teu destino,
Com trabalho tudo se supera
Até mesmo uma vida de pedra.

Se tentarem te tirar do rumo
Não desesperes e pense no bem
Lembra o começo do caminho?
Relembre o calor do teu ninho.

Não pense que não vai errar
Procure aprender com seu erro
O mestre que me ensinou isso
O fez num momento propício

Este é o universo em que vivo
O construí com pouca homenagem
Se aparenta ter pouca bagagem
É que as pedras deixei no caminho.








terça-feira, 27 de março de 2012

Os Candidatos

                                                              Ambientação
Em uma movimentada avenida em uma das metrópoles Brasileiras encravado entre grandes edifícios,encontra-se o Escritório da Burocracia Política,um pequeno escritório,simples mas aconchegante,onde todos os que pretendem candidatar-se a algum cargo público devem,sem distinção de partido,comparecer para uma entrevista avaliadora,sem o comprovante de aprovação do Escritório da Burocracia Política é impossível alguém almejar cargo público.

                                                                Chegada
Barulho forte de frenagem na avenida em frente ao escritório,gritos,correria,xingamentos,um grande alvoroço,como diziam os antigos,um buruçú chama a atenção do burocrata atendente do escritório que corre assustado para a porta,abre e dá de cara com um "gorila",surpreso se pergunta quem colocou aquele "armário" na frente da sua porta,e como vai chegar a outra porta que dá na rua,como num passe de mágica o "armário" se move e eis que aparecem dois personagens,apressados entram no escritório sob protestos e gritos de fura filas,o atendente corre para tomar o seu lugar na sala e acena para que o "armário"feche a porta.

             Começa entre cochichos,trejeitos nas cadeiras,caras e bocas,o insólito diálogo.

O burocrata
-Vamos as apresentações,sou o Sr: Ambiel de Almeida Cacha,o Sr: da esquerda seu nome?
Personagem 1
-Sr: não!Dr:,Dr: Ferdi
-O Sr: da esquerda,nome por favor?
Personagem 2
-Sou o Sr: Sase.
-Dr: Ferdi,Sr: Sase estão conscientes da responsabilidade do ato de estarem aqui,sem esta entrevista e sem o comprovante que disponibilizarei ou não,dependendo:É interrompido.
Dr: Ferdi cochicha ao ouvido do Sr: Sase
-Esse bundão nem sonha que só estamos aqui por que o cara do tráfico de influência resolveu inflacionar,está cobrando os olhos da cara,aquele corrupto.Sr: Sase responde com o mesmo gesto,e tem aquela CPI,não dá pra buscar dinheiro no exterior;Dr: Ferdi completa,não associe,não associe dá azar.
-Os Senhores querem dizer alguma coisa?
-Não,não,não nada não
respondem juntos
-Podemos continuar?
-Sim,sim,sim.
-Vamos ao questionário de praxe,as perguntas serão feitas em ordem aleatória e o Senhores terão cerca de quinze minutos para responder,entendidos?Dr: Ferdi?
-Entendi
-Sr: Sase?
-Entendi
-Vamos a primeira pergunta,o que os Senhores podem dizer sobre distribuição de renda?Dr: Ferdi?
1-O Sr: Sase vai responder
2-Por que eu?ele perguntou pra você,quero dizer para o Dr:
1-Faça essa cortesia para o cidadão,uma pergunta tão simples
2-Simples?então responda o Dr: 
1-Sr: Sase fale como nós somos a favor da distribuição de renda,mas não associe,não associe
2-Por ser um tema delicado vou pedir a minha assessoria que faça um relatório e lhe entregue em alguns dias.
-Não sei o que dizer,normalmente as pessoas respondem a pergunta,mas não vamos nos ater a apenas uma questão,vamos a próxima.
1-Ao pé do ouvido do Sr: Sase,bela saída,você ainda vai ser presidente,eu não teria pensado nisso,ótimo,ótimo.
-O que os senhores pensam sobre a reforma agrária?
Um silêncio profundo toma conta do ambiente,cinco minutos depois o burocrata quebra o silêncio
-Vocês tem só mais dez minutos para responder.
1-Como ousa nos chamar de vocês,eu sou um Dr: não sou um vocês qualquer
2-Isso mesmo,quero ser tratado no mínimo de Sr:
-Eu fiz apenas uma associação,duas pessoas,vocês,não vejo nada de mal.
1-Falando baixinho;Ele associa,ele associa,estou dizendo esse cara é da esquerda,esse jeitinho de burocrata não me engana.
-O que disse Dr:?O Dr: quer responder a pergunta?
-Que pergunta?
-O que o Dr: pensa sobre a reforma agrária?
1-É sério
Novamente o silêncio toma conta do ambiente,mais cinco minutos e o burocrata desperta.
-Estou esperando a sua resposta Dr:
1-Respondi com eloquência a cerca de dez minutos
O burocrata vai verificar no papel onde esta o espaço para respostas e encontra apenas "É sério"
-Dr: isto não é resposta que possa ser considerada satisfatória,apenas é sério,o que quer dizer?desenvolva
1-O que é isso?o cidadão pergunta sobre reforma agrária agora vem falando em desenvolvimento,isso é subterfúgio o Sr: é da esquerda eu sabia é cria da oposição,não respondo sob protesto.
2-Apoiado,apoiado.
-Mas isso aqui não é comício! o Dr: e o Sr: precisam apenas responder poucas perguntas pegar o formulário e pronto.
Toca o interfone,é a secretária,assustada com o alvoroço na porta do escritório
-Senhor Cacha a entrevista vai demorar.
-Por que D. Gláucia?
-Esta se formando um tumulto aqui na porta,empurra empurra e muito mais,estão dizendo que os dois que estão ai com o senhor furaram a fila.
-Os senhores ouviram,vamos terminar logo esta entrevista,só mais uma pergunta,o que o Dr: e Sr: acham do programa espacial Brasileiro?Sr: Sase?
2-Ainda estou sob protestos
-Dr: Ferdi?
-É um assunto delicado,vou mandar minha assessoria fazer um relatório e lhe enviarei em alguns dias.
Ele responde e cutuca o Sr: Sase,colou?
-Essa seria a última pergunta,mas eu preciso de pelo menos uma resposta,vamos ver...
A secretária bate a porta
-Entre!
-Sr: Cacha estão impedindo a passagem das pessoas na calçada e começaram a fechar a rua
-Calma D. Gláucia a entrevista terminará agora,fique tranquila
A secretária volta para sua sala
-Dr: Sr: vamos terminar essa entrevista por motivo de segurança,e segurança seria a próxima pergunta que será substituída por uma de fácil e rápida resposta,o que significa H2O?dez segundos para a resposta,uma dica,é a fórmula da à....é fórmula da à...
1-O que isso tem a ver com política,eu não vou ser químico pra saber de fórmulas.
2-Apoiado,apoiado
-Senhores respondam!
1-O cidadão esta alterado
2-Apoiado,apoiado
1-Não vou responder a esse bárbaro
2-Apoiado,apoiado
-Vou lhes dar o formulário!
2-Apoiado,apoiado
-Tomem e sumam daqui!
2-Apoiado,apoiado
1-Ele esta nos enxotando,e você esta apoiando
2-Mas nos deu o formulário
1-Apoiado,apoiado
-Saiam,saiam e levem esse "armário" de vocês.





domingo, 25 de março de 2012

Cordel da Viúva (Severina)

Obrigado "Severina"
Por sua boa amizade
Por sempre me dar carinho
Um carinho de muita verdade

Sempre quis ser seu amigo
E me tornei afinal
Sabendo que todas as vezes
Poderia contar contigo

Se a janela você fechava
Ainda assim não insistia
Abria mão do desejo
E de mim se despedia

Você sempre me alegrava
"Sininho" lá da Dandinho
Obrigado "Severina"
por sua boa amizade

De nada me incomodava
Quem olhava e não gostasse
Eu era o seu amor
E você minha amizade

Muitas noites tardes e dias
Um saboroso guisado fazia
Os amigos e os que provaram
Na mão da viúva engordaram

Seus olhos quando apertavam
E seu sorriso de alegria
Lhe tornaram certamente
Na mais pura fantasia

Aprendi com você"Severina"
Que o amor não tem surdina
Que não é uma ilusão
Nem se guarda no coração

O amor é para se amar
Para dividir e não esconder
O amor nos ensina a viver
E isso eu não vou esquecer

Um cheiro "Carolina"
Me desculpe é Severina,
Mudei um pouco seu nome
Só para brincar com você

E para o motoqueiro brejeiro
Que roda o dia todo na praça
Me diga se esse meu conto
Vale ao menos um conto


sexta-feira, 9 de março de 2012

A Capa Do Livro


A Capa do Livro

Não sou de uma só amante
Como dizem os falantes
Sou de duas belas,amante

Bígamo! gritam os conservadores
Desejando incontinente imitação
Mentiroso! gritam os gaiatos
Não tens sequer uma,que dirá duas

Como que alheias aos gritos
Elas me acompanham digo
Desde tempos idos

Por algum tempo as duas desdenhei
Mas pródigo aos seus braços retornei
Pois nada melhor eu encontrei.

A uma dedico o gesto
Expressão é beleza,erudição
A outra dedico contato,comunicação
É vida,o ar que respiro,paixão



quinta-feira, 8 de março de 2012

Um feliz oito de março,pra quem é e pra quem respeita a mulher,a luta continua.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Tua Falta

Não espero boa leitura
Espero sim tua leitura
Não espero nem bela escrita
Espero sim tua carta
Para me dizer o que sentes
E suspeitar o que sinto

Quando sobes a montanha
E a paisagem encanta
Quando tudo que vês
É sol, árvore e esperança
E quando lá nas alturas
O ar fica pouco, rarefeito
Se sentes medo e tontura
Se isso te aperta o peito

Então sabes o que sinto
Quando sinto tua falta
O ar fica desse jeito
Escasso, o respirar é difícil
Pareço perdido no espaço
Se não te vejo na rua
Se não te sinto ao meu lado.

Estrada

Contanto que não se conte
As estrelas são lindas
Contudo que não se diga
Que o amor prossiga

As naves que voam perto
Que digam se estou certo
As palavras que não são ditas
Espero que se tornem gestos

O sol que ilumina a terra
Reflete meu rosto na água
Você poderia estar perto
E não estaria deserto

Andando pela estrada
Entre poeira e solidão
Vendo passar o tempo
Devagar, sem direção

Estrada de uma sombra
Sombra que já foram duas
Deixam poucas lembranças
Lembranças que foram tuas

Para onde foram os ventos
A sombra e o descanso
Se já não sinto a brisa
Se já secaram meu pranto.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Vidinha

Vidinha

Um pequeno passado
E um grande futuro
Alguns poucos passos
e muito para andar

Alguns poucos trajes
E tanto para vestir
Alguns poucos risos
E tanto para sorrir

Poucos verões e outonos
Poucas primaveras e invernos
Tão poucas luas

Tão cedo chegou o dia
Que logo se tornaria
O interromper da vidinha.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O Fim do Mundo

Os Amigos

-Convidado para passar a noite no sitio do amigo por conta do horário e do transporte que só passava por aquelas bandas uma vez por dia e, mesmo assim, muito cedo, para poder voltar a cidade Antônio teria que se hospedar no sítio do seu amigo José, e, as cinco da manhã em ponto, ir para a frente da venda de seu João,que ficava próximo do sítio cerca de dois quilômetros.
Convite aceito, os amigos se reuniram para o jantar, Antônio estranhou ao ver a mesa tão farta, com tantos tipos de comidas diferente e pensou...
-Quantas pessoas viriam jantar ? Umas dez ? Talvez mais ? Parece que o José, além de mim, convidou todo o povoado,bem, deve ser uma festa e o José não me avisou.
-Engano seu, toda aquela comida seria só para ele e o José, parecia que tudo o que havia na dispensa estava na mesa, e José não havia esquecido de nada, até a salada era em grande quantidade.
-Antônio então não resistiu e perguntou...
-Mas para que tanta comida José ? é para um batalhão ?
-José respondeu simplesmente.
Medo.
-Medo de quê ?
Retrucou Antônio.
-As pessoas têm medo de bichos, ratos,cobras,insetos,e o que tem haver tanta comida assim com medo ?
Medo de morrer de fome dormindo.
-Respondeu José.
-Você está falando sério ?
-Diz Antônio.
-Ou é de brincadeira ? Sei, é de brincadeira.
-José olhou para Antônio com uma cara de reprovação que Antônio logo percebeu que José falava sério.
-Antônio ainda não acreditava e refletia.
-Ele disse mesmo que tinha medo de morrer de fome dormindo ? E por isso comia tanto antes de dormir ?
-Depois de alguns minutos de espanto, Antônio resolveu fazer o seu prato antes que José desse fim ao estoque de comida da casa.
-Logo José começou a se fartar com a comida, e Antônio, passou apenas a admirar a cena, José não parava nem para respirar, comia como se o Fim do Mundo fosse acontecer ali, e naquela noite.
-Bem.
-Pensou Antônio.
-Ao menos não há desperdicio de alimentos nesta casa.
-E José não parava a boca.
-Já satisfeito com a sua refeição, Antônio agora apenas apreciava a  comilança de José, que, ainda não satisfeito com tudo o que havia na mesa e que comeu, foi olhar as panelas no fogão e encontrou um caldo de carne que sobrara do almoço, José colocou o caldo para ferver, adicionou farinha, fêz um pirão e comeu.
-Enfim, terminado o jantar, após quase dua horas de uma bela demonstração de apetite, José mostrou a Antônio o quarto onde ele dormiria e foi para o seu quarto.

O Sítio.

-O sitio era daqueles bem simples,tinha luz elétrica, mas esse era um dos poucos luxos do lugar, a sala e a cozinha eram no mesmo ambiente, tinha uma geladeira que certamente José abastecia com frequência,um fogão, uma pia, um armário com utensílios de cozinha, uma televisão pequena que não servia de outra coisa se não de móvel pois era usada apenas como cabide de roupas, um rádio mudo, um sofá já bem usado, e nos outros dois ambientes que só se diferenciavam por haver em um deles, um outro armário, esse, com vários cobertores e lençóis, havia em ambos camas bem arrumadas e esse pareceu ser, a princípio, a melhor parte da casa.
-Como Antônio pode ver, José não era das pessoas mais bem interessadas em novidades, ou em notícias, ou mesmo em internet, não havia celular, e computador então, Antônio  achou que ele nem sabia o que era.
-Mas havia um outro lado, Antônio percebeu e ficou logo fascinado, pois com as luzes apagadas, pôde ver, por uma fresta no telhado, o clarão da lua e sentiu um silêncio inebriante, ouviu ao longe o coachar dos sapos e o cricrilar dos grilos que, numa sinfonia, mais parecia um convite a uma bela noite de sono e que Antônio, por conta da correria da cidade havia tempo não desfrutava, certamente aproveitaria, enquanto seu amigo José, bem, veremos.

O Pesadelo de José.

Era alta madrugada e a farta refeição de José parecia que começava a fazer efeito.
José ouviu um bater na porta alto e insistente,levantou mau humorado,xingando e reclamando de tudo e de todos,esbravejando.
- Quem será a uma hora dessas,seja quem for vai ouvir o que quer, o que não quer e mais algumas,vou xingar até o rastro desse miserável,desse desgraçado,isso são horas?
-José foi olhar pelo vidro da janela para ver se via alguma coisa,levou um susto,um relâmpago clareou a sala e até onde a vista alcançava,um trovão logo em seguida estremeceu até os ossos de José,o humor de José piorou.
O bater insistente na porta seguia,ele segurou o trinco da porta,respirou fundo,tentou lembrar dos piores xingamentos que já ouvira e decidiu, vou esculhambar e vai ser agora.

A Entidade

-Quando José abriu a porta deu de cara com uma "entidade",o susto foi maior do que o que sentira há pouco com o relâmpago. Os ossos de José voltaram a tremer quando o que parecia ser um homem alto e magro, vestindo o que parecia ser uma capa de chuva preta com um capus que lhe cobria a cabeça e que não permitia a José ver o seu rosto, trazia nas mãos uma foice longa e José concluiu.
Pronto, é a morte.
-É a morte, pensou ele, lembrou na hora de umas imagens que havia visto em umas revistas velhas que recebera como embrulho e de como seus conhecidos lhe diziam como a morte se trajava,  reconheceu convícto, é ela, a vestimenta batia, até a foice era igual.
-José Pensou.
Está perdoada,essa eu não xingo nem de madrugada, ainda mais de madrugada, aí é que não xingo mesmo.
Com a voz meio trêmula José arrancou de dentro de si um resto de forças que sobrou diante da pasmação e falou.
-Dona morte ? A senhora por aqui? A que devo a visita?
A entidade, que até então se mostrara sombria e assustadora, respondeu com uma voz que destoava de sua aparência sombria, era uma voz meio triste, meio perdida,como se a entidade vivesse sempre a responder essa mesma pergunta a toda hora, era uma voz como voz de alguém que parecia se lamentar.
-Mas enfim, veio a resposta para José.
-Não sou a morte.
-Disse o "visitante".
Não ?
-Respondeu José contrariado.
-Não.
-Disse a "visita" inesperada, e perguntou.
Posso entrar?
A cor de José que a essa altura estava parecendo branco neve, aos poucos foi voltando ao normal, sua fisionomia "tornou", como dizem lá no sítio.
Pode.
-Respondeu José.
Entre por favor.
-Porém a dúvida persisitia e José não se conteve e perguntou.
Mas se você não é a morte, quem é você?
-O Fim do Mundo.
-Respondeu a "visita".
O que?
-José se espantou novamente e seu coração veio até a boca e voltou, José insistiu,não acreditava no que acabara de ouvir.
O que disse ?
-Disse que não sou a morte,sou o Fim do Mundo.
-José olhou aquele ser da cabeça aos pés, analisou, se lembrou das imagens que fazia da morte e do que lhe diziam de como ela era e perguntou.
Mas, e essa roupa ? E essa foice na sua mão ? "Você" é igualzinho como me contaram ? Você é a morte todinha, escarrada e cuspida.
-Você foi enganado José.
-Respondeu a entidade.
-Mas a culpa não e sua, é que a morte sim, ela é uma invejosa,vive me imitando em tudo,até nas roupas.
-José então já não sabia mais nada. Há pouco havia levado dois sustos que lhe estremeceram os ossos. Mas era preciso saber e José insistiu.
Mas o que você é então seu Fim do Mundo ? E o que você está fazendo justamente aqui ? Na minha casa ? E a essa hora da noite ?
-Antes que o visitante respondesse José esbravejou.
Mas isso é o fim do mundo !!!
-Sou eu.
-Respondeu a entidade.
-José ficou ainda mais confuso.
Não, quero dizer, sei, é você, mas o quê ? Não, quero dizer,isso é impossivel!
-Não é impossivel José, eu estou aqui.
E o que você quer aqui ?
-Continuou José espantado
-Conversar.
-Respondeu a visita.
-Eu só quero conversar.
Conversar ? Mas você vem sabe-se lá da onde, numa noite de arrepiar os ossos e quer conversar ? comigo ? Mas isso é o fim do mundo!
-Esse sou eu José.
Deus do céu, valha-me São Pedro.
-Bateu o desespero em José!
Mas porque eu seu fim do mundo?
-O fim do mundo responde.
-Porque esses que você falou aí estavam ocupados, sabe como é né, eles têm muitos compromissos, não atendem a gente toda hora quando a gente precisa entende ?
-José sentenciou.
Não ? Não entendo não!
Mas me diga assim mesmo, quero dizer, o que você quer conversar comigo ? O que é ? Há, já sei,veio acabar o mundo e resolveu começar pelo meu sítio ? É isso ? Mas isso é uma covardia sem tamanho,tanto lugar por aí e o "senhor" vem logo para o meu sítio ?
-Não José.
-A entidade tenta esclarecer.
-Eu só quero conversar.
José ainda não acreditava no que ouvia e repete as perguntas.
Conversar ? Comigo ?
- Sim José, quero conversar com você.
Me desculpe "Dona Morte" mas acho que a senhora errou o endereço.
-Não sou a morte José.
Há, me desculpe.
-Por quê você acha que errei o endereço José?
Por quê ? ora uai, o quê você vai querer conversar com um matuto feito eu? Eu só sei plantar,esperar e colher.
-Isso mesmo José,você sabe de muita coisa.
Eu ?
-É,você José,você tem muita experiência no que faz,você conhece o tempo das chuvas,o tempo do estio,você sabe a melhor época de plantar,quando está bom para colher,você é um especialista no que faz,como todos os outros que conheço.
-E daí ? Que culpa eu tenho ? É isso ? Ser um especialista no que se faz agora virou crime ? Eu sempre achei que o que eu fazia era certo, aliás eu sempre quis saber plantar e colher, e hoje eu sei, o que é que tem de errado nisso ? onde foi que eu errei ? Jesus ?
-Você está certo José, não tem nada de errado em fazer bem o que se faz, em ser um especialista.
Não tem nada de errado ? Então o que você está fazendo aqui ?
-Eu já disse José, só quero conversar.

Os Entretantos, os Mas e os Poréns (E chega de repetir diálogos)

Então diga !
-Diz José já impaciente.
Fale, se você não veio aqui acabar o mundo, o que você disser eu escuto.
-O problema José, é que eu não sou um especialista.
Meu Deus! Diz José espantado.
-Já disse, "Ele" tava ocupado.
Não! Quero dizer,e daí,você não é um especialista e qual é o problema ?
-É que todo mundo que conheço é especialista no que faz José, e eu não, entendeu ?
-Seja um agricultor como você, seja um professor, um médico, um engenheiro ou um advogado, todos são especialistas no que fazem, menos eu.
-José pensou... Matutou...
Agora a vaca foi pro brejo e levou a boiada inteira.
Estou aqui em casa, com o fim do mundo vestido de morte, querendo conversar comigo porque ninguém dá bola pra ele.
José resolveu enfrentar a fera.
Mas afinal, você é ou não é o Fim do Mundo?
-Sou.
E o que você quer conversar comigo?
-Já disse José, preciso conversar com alguém.

O Desfecho da "Festa"

-José já não sabia mais o que pensar e notou que fazendo as mesmas perguntas o mundo iria se acabar e ele não teria outra resposta, José resolveu então segurar o que restava dos nervos e deixar o Fim do Mundo falar a vontade.
Então conte tudo, me diga, o que você quer ? e o que veio ver aqui ?conte tudo.

-Você ouve rádio José?
As vezes, lá na venda de seu João.
-Você vê tv José?
Televisão ?
-É José, televisão.
-Tenho tempo não, acordo as quatro da manhã tomo café e vou pro roçado,só chego de noite,tomo banho janto e vou dormir,isso todo santo dia, faça chuva ou faça sol, feriado, sábado ou domingo, tanto faz.
-Como pensei,então você não esta sabendo o que estão falando do fim do mundo.
Estão falando de você ?
-José compreendeu.
É, a língua do povo não perdoa ninguém mesmo.
Até de você estão falando ?
-José parou por um instante para refletir e pensou alto.
Mas se estão falando até do "senhor" seu Fim do Mundo, o que será que não andam falando de mim por aí ?
-E a visita puxava conversa.
-Estou vendo que você não tem internet em casa.
O quê?
Diz José.
-Internet José, você não tem ?.
Você tá falando de computador?
-Isso José,computador.
Olha Dona morte.
-José é interrompido na sua fala.
-Não José ! Não sou a morte, sou o Fim do Mundo !
Me desculpe de novo, deve ser essa sua roupa.
-Tudo bem José, você não é o único a se confundir.
Olha, seu Fim do Mundo,posso lhe chamar assim ou prefere outro tratamento.
-Tudo bem José.
Pronto, me diga, o que é que eu vou fazer com um computador, coisa que eu nem sei pra onde vai.
- Interagir José, socializar conhecimentos, lugares, falar mal de político,saber as novidades, essas coisas.
Olhe seu fim do mundo,quando eu quero saber as novidades,que são sempre as mesmas,eu vou na venda de seu João, que é um enrolão, por falar nisso não tome cachaça lá não,se quizer tomar umas tem uma vendinha na saída do povoado...
-O fim do mundo interrompe José.
-José !!!
Desculpe, como eu ia dizendo,quando quero saber as novidades eu vou tomar umas cachaças na venda de seu Jõao e ele me conta tudo,tome cuidado com ele,ele sabe da vida de todo mundo por aqui,tem gente que você nem imagina que deve a ele.
- Enfim o visitante reconhece.
-José, você não sabe mesmo o que estão falando do fim do mundo,do calendário Maia.
- José realmente não sabe do que se trata.
Mas veja você hein, até desse tal Maia e do calendário dele o povo tá falando ? Continue, eu já não me espanto mais é com nada.
-É isso José, o que está acontecendo é que todo mundo está falando de mim e eu não sei o que fazer.
E você precisa mesmo fazer alguma coisa ?
Perguntou o precavido José.
Você não acha melhor deixar isso pra lá não ?
Não que você seja uma pessoa ruim, entenda, não é isso sabe, uma pessoa que bota fim nas coisas, mas veja, isso é só a lingua do povo, igualzinho lá na venda de seu João.
-Eu não posso deixar para lá José,tem gente que acredita em mim.
-José parte para consolar o visitante.
Olha, você é uma pessoa de sorte, se é que você é uma pessoa, mas eu vivo querendo que os outros acredite em mim e não tem jeito,se eu digo que vai chover, você acredita que os outros só acreditam em mim se eu pagar umas cachacinhas pra eles ?
-Não é isso José, é que estão acreditando em mim, e pelo que estou vendo vai ser a minha primeira vez.
-Agora complicou. A "visita" complicou de vez o juizo do pobre do José.
Como é ? diga de novo ? Estão acreditando em você e você é virgem ?
-Não ! José ! Estão acreditando em mim e não sei acabar o mundo,eu nunca acabei um mundo, não sou um especialista entende ? Se eu fizer isso vai ser a minha primeira vez, vê meu problema agora ?
- José reflete mais uma vez.
E eu que achava que tinha problemas.
Tudo bem seu Fim do Mundo, o senhor venceu, eu reconheço,você tem problemas.
Quer uma água com açúcar ? Um chá ? Tem um chá aqui que é ótimo para os nervos, eu vou ver para senhor.
-Não José !
-Responde a entidade agora irritada.
-Eu sou o Fim do Mundo ! Eu lá sou gente de tomar chá ?
- Eu só quero saber o que é que eu faço ? E se eu errar José ? E se eu for acabar o mundo e o mundo não acabar ? As pessoas vão deixar de acreditar em mim, e se ninguém acreditar mais em mim ? Como é que eu vou ficar ?
-Uma coisa estava certa na cabeça de José que concluia:

Com o Fim do Mundo em crise e conversando essa conversa comprida, o mundo não vai acabar tão cedo.

-O galo cantou a plenos pulmões.

-José tomou outro susto,dessa vez ele acordou.
-Acorda José ! Vai trabalhar,esquece o Fim do Mundo.
-Pensa em fazer de cada amanhecer um novo começo, porque tudo tem um começo.
-E o fim ?
-O fim é quando acaba.







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