terça-feira, 3 de novembro de 2020

A Tentação de Biden

     A Tentação de Biden


     Bem pessoas, estamos acompanhando, nesse mês de Novembro de 2020, duas eleições, as eleições brasileiras, para prefeitos(as) e vereadores(as) e, as eleições Norte Americanas para presidente. Como sabemos, estamos em meio a uma pandemia, uma crise sanitária de proporções mundiais, também por esse motivo, resolvi comentar sobre as duas eleições. Diante desse contexto, tentarei expressar aqui, um pouco de como vejo estes dois acontecimentos.

     Primeiro, as eleições brasileiras.

     No Brasil, diferente dos Estados Unidos, o voto é obrigatório, assim, temos que sair de nossas casas, mesmo em meio a uma pandemia, para eleger os candidatos aos respectivos cargos. Não é preciso muito senso crítico para compreendermos a irresponsabilidade do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesse momento de pandemia, irresponsabilidade essa que só será superada pela falta de sensibilidade por parte desta instituição, dita, democrática. (chamo atenção para essa irresponsabilidade do Tribunal Superior Eleitoral, pois ela também fará parte da tentação de Biden, ou, do pacote que, se Biden vencer as eleições, terá também que aprender a lidar com ela). Pois bem, quanto a irresponsabilidade do (daqui pra frente) TSE, basta uma conversa rápida com alguns eleitores e eleitoras com quem nos deparamos no cotidiano, que vemos o prevalecimento do senso comum, que nos diz que, "por conta das eleições, a pandemia está controlada, porque, do contrário, não haveriam eleições, logo, depois das eleições, a pandemia vai voltar e tudo vai fechar novamente". Isso é o que nos diz o senso comum, ou, como diria um dos grandes pensadores pernambucanos, Fernando Lyra (1938-2013), isso seria o, *"inconsciente coletivo", gerado, claro, pela falta de sensibilidade do TSE em permitir aglomerações oficiais.

     Perto do senso comum e longe do olhar da ciência, esse último, claramente desprezado desde o primeiro dia da pandemia no Brasil, pelos conselhos federais (ideologicamente alinhado ao governo federal ou por pura submissão), diretamente ligados ao que poderia vir a ser, a resolução do problema posto, no caso, a pandemia. Legalmente constituídas, essas autoridades ou conselhos federais, resolveram se calar, um silêncio criminoso, porém, apoiado pelo governo federal que desmontou, sem demonstrar o menor ressentimento, o Ministério da Saúde, justamente no momento em que ele seria mais necessário, destituindo do cargo de Ministro, qualquer um que ouvisse o que dizem os cientistas, brasileiros e, mesmo cientistas ligados a Organização Mundial da Saúde (OMS), colocando, por fim, no cargo de Ministro da Saúde, alguém que disse desconhecer o Sistema Único de Saúde (SUS), que, como sabemos, é a base do serviço de atendimento gratuito voltado para a saúde da população.

     Assim, nesta primeira parte, sobre as eleições brasileiras, procuro trazer uma visão geral dos desdobramentos que seguem nossas eleições, tentando demonstrar, como a submissão das autoridades brasileiras aos interesses neoliberais, logo, aos interesses do capitalismo financeiro e, consequentemente, aos interesses da política externa do atual governo dos Estados Unidos, causam uma desordem no sistema político e social brasileiro, de tal forma, que somos hoje o segundo país com mais números de vítimas da pandemia do covid19 no mundo.

     Nessa segunda parte, compreenderemos melhor A Tentação de Biden.

     Se o que escrevo até aqui pode não ser muito atraente para o futuro presidente dos Estados Unidos, ao ponto de se tornar uma tentação, vejamos o que temos mais a oferecer além de uma submissão a toda prova, um desgoverno (que acredita que o Brasil é um país ideologicamente conservador), silêncios criminosos e vítimas da pandemia.

     Sim, nosso desgoverno ainda não conseguiu destruir a Amazônia, ela pode muito bem servir para ser explorada, não apenas por sua biodiversidade, mas também por mineradoras, garimpeiros, grilheiros, latifundiários e madeireiros Norte Americanos.

     Quanto aos indígenas da floresta, não tem problema algum, os Norte Americanos, segundo nosso próprio governo, já têm experiência em extermínio de povos originários.

     Sim, nós ainda temos o que restou do nosso Pantanal. Os Norte Americanos vão adorar os couros dos jacarés, que ainda restam, que caçarão nas férias.

     Sim, nós temos, ou tínhamos, Alcântara. De lá, os foguetes e mísseis norte americanos vão poder ganhar os céus sem gastar muito combustível, além do que, os satélites lançados poderão vigiar todo o território tupiniquim sem qualquer resistência, muito pelo contrário, com todo apoio e aval das autoridades constituídas. Assim, nossas milícias poderão dizer que não se prendem mais a um ou outro território nacional, serão, em fim, como se propõem, "celestiais". Estarão no espaço, tão longe do alcance da justiça como jamais sonharam, não que distância faça alguma diferença nesse caso.

     Sim, nós temos água. Nossos lençóis freáticos, os que ainda não foram contaminados, servirão aos interesses dos Norte Americanos para serem usados como barganha, em uma possível ameaça ao país, que país ?, os Estados Unidos, claro.

     Bem pessoas, como proposto, A Tentação de Biden é um país continental, submisso, que não sabe o que é soberania, mal administrado, desgovernado e cheio de riquezas naturais. Será que ele vai resistir.

     Se eleito, claro.

         *Conceito criado por Carl Gustav Jung (1875-1961) 

     Verdadeiramente, aquele que olha o espelho da água vê em primeiro lugar sua própria imagem. Quem caminha em direção a si mesmo corre o risco do encontro consigo mesmo. O espelho não lisonjeia, mostrando fielmente o que quer que nele se olhe; ou seja, aquela face que nunca mostramos ao mundo, porque a encobrimos com persona, a máscara do ator. Mas o espelho está por detrás da máscara e mostra a face verdadeira. (Gustav Jung Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Ed. Vozes; 2000, p. 29-30).