domingo, 30 de junho de 2019

Sobre o Sair de Si




Refletindo sobre o "sair de si" como uma maneira de escrever versos, conforme conversamos há alguns dias, me deparei com a lembrança do outro assunto que também comentei no mesmo momento, sobre a memória de cada um. Pois bem, vou me atrever a tentar descrever aqui a que conclusão cheguei, claro, pode ser um ledo engano, mas há uma possibilidade de esclarecer ao mesmo tempo o "sair de si" para escrever versos, e a utilização da memória, ou, o papel da memória nessa tarefa que, acredito, tem um papel importante. 
Tomara que consiga me fazer compreender e tentarei ser o mais sucinto possível. 
O que seria o "sair de si" se não o resgate ou o resgatar da memória ? Mas a memória, essa individual, subjetiva que todos(as) trazemos de tudo, ou quase tudo, ou o que selecionamos para que se torne memória, até como uma forma de proteção contra frustrações, seria apenas essa memória o suficiente para que o poeta possa escrever versos que muitas vezes tocam sentimentos de outras pessoas que não apenas os dele, o poeta ? Ou haveria algo a mais que faz com que o poeta escreva ? e não me refiro, claro, unicamente ao que escrevo, mas ao que leio e me emociono com o que outros poetas escrevem.
Esse algo mais seria apenas o "sair de si" ? Bem, creio que não. E é aí que entra a memória, mas não apenas a memória subjetiva, mas uma outra memória que chamarei de "memória das memórias", ou seja, quando o poeta escreve, ele não está se utilizando apenas da sua memória, mas da memória de outros autores, que ele leu e que, ao ler, o poeta, intuitivamente, claro, não todos porém, a maioria ou, digamos, um bom número deles, digo intuitivamente pois nem todos se utilizam das técnicas da hermenêutica ou da exegese, ou seja, essas técnicas são importantes pois ajudam, colaboram, porém não determinam que sejam unicamente elas que irão ajudar o poeta a interpretar e explicar, para si, e, muitas vezes para outras pessoas através de seus versos o que memorizou e está a materializar no papel.
Quando falo aqui do uso das técnicas da exegese e da hermenêutica, para que fique mais claro onde pretendo chegar, quero dizer que o poeta, ao ler um enunciado ele não se prende, como disse, as vezes intuitivamente as vezes com a utilização de técnicas, simplesmente a letra, a palavra, a frase que está escrita, mas o poeta vai além, ele busca no autor seu tempo, ou seja, como era o tempo em que aquele autor viveu ? Quais eram a literatura a que ele teria acesso, ou não exatamente acesso, mas que ele, o auto mais se identificava, que mais lia. Alguns autores, (e isso não só em textos poéticos, como sabemos, mas em romances e, principalmente no meio acadêmico, onde é uma exigência que se diga em que autores ou teóricos baseiam seus textos, artigos, enfim) expressam, ou nos dão uma pista sobre seus hábitos de leitura.
  Alguns mais claramente, dizem os nomes dos principais autores que leem, outros deixam subtendidos, outros ainda deixam isso a critério da curiosidade e da investigação do leitor. Resumindo, a utilização do que classifiquei como "memória das memórias" e, como sei que jamais vou ler tudo o que gostaria, e sei que outros já podem ter chegado a conclusões mais sensatas e mais coerentes a respeito do "sair de si" que aqui explico como sendo a junção da memória subjetiva do autor e a memória, ou a compreensão do que seria a memória de outros autores, e, que, espero ter deixado claro, me refiro basicamente ao trabalho de criação artística de versos.

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Ato Indeterminado

No  país a morbidez
Elegeu um presidente
Promotor da ignorância
Decadente e intolerante.

Sem nenhuma honraria
Sem verdade e sem patente
O eleitor foi para a urna
Se dizendo consciente.

Mas votou em quem odeia
Quem engana e diz ser crente
Que governa para um povo
Que ele julga ser demente.

Para eleger tal presidente
A toga se fez presente
A justiça que era lenta
Acelerou sua sentença.

Se juntou a velha mídia
Que se diz sem preconceito
Vazou áudio deu um jeito
Combinando seus malfeitos.

Com o povo impressionado
Com farda, toga e jornal
Criou-se um grande inimigo
Em toda rede nacional.

O juiz diz não as provas
E se baseia em delação
Que ele mesmo negocia
E faz sua interpretação.

Com ardil trai a defesa
Não vê que é desatinado
Burla a lei expede mandado
Condena sem provar ato.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Sarau no Campus


Sarau no Campus

No sarau do CAA
O talento é popular
A música, a letra a poesia
Tomam conta do lugar

Rosi Aguilar solta a voz
E faz todo mundo cantar
Sóstenes marca o compasso
Nas suas cordas a dedilhar

O violão a voz e a poesia
Não perdem por esperar
A professora Ana Barros
Fazer a ciranda rodar

A sala toda se abraça
Celebrando a diferença
Unindo na mesma memória
A turma, a Geografia e a História.

quinta-feira, 13 de junho de 2019

Sobras do Almoço


SOBRAS DO ALMOÇO

O que mais me deprime não é a solidão,
Mas a possibilidade dela acontecer.
É o não amor, o não querer
É o não te ver aqui, é o não te sentir
É o não ter teu toque em mim.
É o te esquecer, é a não lembrança
É o não te perceber aqui
É o pensar que você é melhor sem mim.

O que mais me deprime, não é a solidão
Mas a possibilidade dela acontecer.
É a falta da alteridade
É o ocaso aqui sem você
É mais um fim de tarde sem te ver.
É o não saber de você, é o não te abraçar
É não ver o teu olhar, a tua mão em mim
É não te alegrar quando o fim da festa chegar.

O que mais me deixa feliz, não é a solidão
Mas a possibilidade dela não acontecer.
É o teu sorriso que sempre vou ter
É o caminhar com você, é o estar ao teu lado
É o irmos a feira, a Igreja, a escola
É a tua companhia de todas as horas
É o saber que sou sempre o teu presente
É você, estar sempre em minha mente.




segunda-feira, 10 de junho de 2019

Paradidáticos

Um dos livros que o estudante utiliza 
Ajudando em sua aprendizagem. 
Parece ser um livro Didático
Mas é um livro Paradidático. 

Trazendo os mesmos assuntos
Só que com outra abordagem
O Paradidático se torna
Sinônimo do que é novidade

O livro para ser paradidático
Precisa ser bem avaliado. 
Ele chega até o estudante
Depois de ser muito testado.

Os professores e as professoras
Precisam fazer sua escolha
Se eles foram muito bem escrito
Se serve de auxílio ao didático

O livro vem de várias editoras
Todas muito respeitadas
Mas só as mais bem conceituadas
Entram nas salas de aulas.