domingo, 24 de fevereiro de 2019

Compreensões a Partir de Pedro E. G. Ruiz sobre o pensamento de Enrique Dussel.

[23:01, 24/2/2019]
   Não acredito que o voto em Bolsonaro tenha sido apenas um voto contra a corrupção, pois entendo que ainda que o ex presidente Lula tivesse roubado alguma coisa e o ex juíz Moro, agora ministro, fosse honesto, o ódio ao PT e ao Lula não se justificaria à luz da realidade.
   Acredito que há no Brasil duas correntes de pensamento, o que pensa e parte da premissa de que pensar da significado a algo isto é,torna algo em realidade, e esse pensar pode ser e foi manipulado, e o pensamento mais moderno ou contemporâneo, que parte da análise da realidade para obter assim seu significado, e esse é mais difícil de ser manipulado.
   Essas duas correntes de pensamento, claro, não seriam as únicas, mas ao que parece e por conta do envolvimento político, são as que prevalecem
   O pensamento não atribui realidade a algo. Filosofía de lá Liberacion. (Una aproximación al pensamiento de Enrique Dussel.p. 139-132)
   El pensar puede o no concordar com la realidad. Pensar pode ou não concordar com a realidade. (p. 143-136)
   El pensamiento no otorga realidad a algo. O pensamento não concede realidade a algo. Filosofía de lá Liberacion.(Una aproximación al pensamiento de Enrique Dussel.p. 139-132)
   Tentando entender o porquê de alguém como Bolsonaro que como deputado federal conseguiu ser mais medíocre, (se é que isso é possível, no caso dele) do que como ser humano, e que quando foi candidato a presidente e mesmo antes já se dizia de péssimo caráter, demonstrando claramente e com suas próprias palavras, sem ser preciso nenhuma interpretação, ser homofóbico, racista, misógino e a favor da tortura de pessoas,(para ficar só nessas declarações), e ainda assim teve sua candidatura confirmada pela justiça eleitoral e acabou vencendo o pleito.
   Pensar, e achar que por pensar torna alguma coisa real, paralisa, estanca o pensamento, não permite seu desenvolvimento, aparenta então ser uma forma de preconceito, de discriminação, mas assim, todos os eleitores desse bozo seriam preconceituosos e discriminadores, o que não parece ser o real.
   Ou, digamos, aparenta não corresponder exatamente a realidade.
   Dizer, por exemplo, que o PT é o partido que tem mais corrupto corresponde a realidade ? Dizer que o ex pres.Lula foi o presidente mais corrupto, corresponde a realidade ? Dizer que a terra é plana como já se pensou um dia, corresponde a realidade ? basta uma rápida consulta ao google para ver que não. Isso é pensar e achar que por pensar torna algo em realidade.
   Essa forma de pensar, acreditando que o pensar concede realidade a algo, segundo o que nos escreve Pedro Enrique García Ruiz, (baseado nas compreensões de Enrique Dussel e que nos remete ao pensamento de Ludwig Feuerbarch e Karl Marx) está presente (segundo o que pude abstrair desse trecho do texto de García Ruiz) no pensamento de Hegel, criticado por Feurbach e por Marx, para citar apenas dois críticos que, para resumir, consideraram alienação.
   Assim, compreendo que não são todos os eleitores de Bolsonaro que são preconceituosos e discriminadores, mas todos os que pensam e acreditam que por pensar, torna algo real, trazem consigo traços de um antigo e superado pensamento, sustentado por Hegel, e que se traduz em uma forma de alienação que pode ser facilmente manipulada, se considerarmos e associarmos aos interesses do capital financeiro especulativo internacional, o modelo midiático, sobretudo conservador, brasileiro.