quarta-feira, 10 de julho de 2019

Sobre A Neurose

    A partir da leitura do texto, O Futuro de Uma Ilusão, Sigmund Freud 1927, podemos perceber a diferença entre a neurose do que crê, e a neurose do ateu. O que crê, absorveu a neurose universal, enquanto o ateu precisa construir a sua própria neurose, a neurose pessoal. "Desta forma, a aceitação da neurose universal poupa ao indivíduo o trabalho de elaborar uma neurose pessoal."(O Futuro de Uma Ilusão, Sigmund Freud, 1927. p. 23) (p. 123 no original). Como dito, o neurótico crente, o que aceita a neurose universal, está em paz com sua neurose, o trabalho já foi feito por outros antes dele(a) e ele(a) só precisa aceitar a neurose, se entregar a ela e ficar feliz e em paz com ela, é muito fácil, cômodo e tranquilo. 
      Quanto ao ateu, esse precisa trabalhar muito seu intelecto para construir a sua própria neurose, ou, a neurose pessoal e assim, ficar em paz com ela. Essa construção causa vários problemas, inclusive de relacionamento, entre o ateu e a realidade que o cerca. Por conta desta diferença, podem surgir desconfianças, alguns podem enxergar o ateu como um monstro, ou como uma pessoa não civilizada, ou, até mesmo, perigosa. O ateu se vê, portanto, não em uma, mas em muitas encruzilhadas, sua construção é demorada, pode levar uma vida e as críticas, ora a favor, mas na maioria contrária, pode causar uma série de pequenas neuroses, ou pequenas frustrações, o que Freud identifica como sendo um sintoma do recalque, e pode lhe impedir ou dificultar seu desenvolvimento cognitivo em relação a certas habilidades ou aprendizagens, inclusive, pode lhe privar de ter relacionamentos prazerosos.
      Como resultado dessas diferenças, há que se reproduzir o que Freud diz quanto ao crente, no caso, este, mesmo existindo a possibilidade de lhe esclarecer e ele abandonar sua crença, isso seria uma verdadeira crueldade para com ele(a) 
     Freud propõe finalmente uma educação não religiosa. Ele sabe, porém, que “o crente não permitirá que sua crença lhe seja arrancada, quer por argumentos, quer por proibições. E mesmo que isso acontecesse com alguns, seria crueldade. Um homem que passou dezenas de anos tomando pílulas soporíferas, evidentemente fica incapaz de dormir se lhe tiram sua pílula.” (p.63). (O Futuro de Uma Ilusão, Sigmund Freud 1927, p. 25).

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