quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Sofrimentos Psíquicos e como Acontece uma de suas Manifestações. (Relato de Vivência)

  Quando do relacionamento o sujeito evoca diferenças ou uma incompatibilidade que a primeira vista para o sujeito são insuperáveis, caberia já aí tratamento, porém, o sujeito raramente reconhece como problema esse sintoma que, aparentemente para o sujeito, pode acontecer com todo relacionamento dito (pelo sujeito) "saudável".
 Visto por outro ângulo, quando do relacionamento o sujeito evoca diferenças e uma incompatibilidade que, "a primeira vista" (falta-lhe refletir) para o sujeito são insuperáveis, essas diferenças podem não ser assim insuperáveis, podem, ou talvez devessem ser melhor analisadas pelo sujeito sendo que sua não observação ou tratamento precoce, pode ou, poderá lhe levar a uma psicose que, aí sim, demandará um tratamento pois os sintomas não mais será sentido apenas pelo sujeito, mas implicará em uma obstrução para outros relacionamentos, sejam estes passageiros ou duradouros. 
 Essa neurose, quando chega ao ponto de impedir ou inviabilizar o gozo do sujeito, como nos diz Freud: Para Freud, a repressão opera porque a satisfação direta da moção pulsional, que se destina a causar prazer, poderia causar desprazer ao entrar em dissonância com as exigências provenientes de outras estruturas psíquicas ou exigências do meio exterior.
  Assim, considerando que o sujeito quer um relacionamento que lhe de prazer, e prefere este ao prazer solitário, porém, não se relaciona colocando sempre um empecilho seja esse real, como em algumas situações, ou imaginário, como em outras, e, considerando ainda que o sujeito transforma uma situação imaginária, ou, esse empecilho imaginário em real, essa neurose já não causa apenas sofrimento ao sujeito mas pode provocar sofrimento em outras pessoas.
  Daí a neurose não ser mais, ou, deixar de ser apenas um problema do indivíduo neurótico mas de outras pessoas.
Esse problema, ou neurose, pode, assim, passar a ser um problema de toda uma comunidade, dependendo, claro, de que comunidade ou, da comunidade que o indivíduo neurótico seja portanto participante.
 Como exemplo de afetação ou não afetação da comunidade, poderia citar, respectivamente, uma comunidade de estudos, (escolas de séries frequentada por adolescentes ou mesmo de nível superior), e o convívio do neurótico entre amigos.
  A neurose evolui para psicose quando.
  A neurose evolui para uma psicose em eventos que provocam sofrimento ao neurótico. Esse sofrimento é causado justamente pela compreensão pelo neurótico de que ele deveria se relacionar de maneira diferente do que "normalmente" se relaciona com as pessoas porém, não consegue.
  O ato de não conseguir é a repetição da neurose.
  Essa repetição é o que causa sofrimento ao neurótico.
 Uma solução, entre outras, é o que diz  Eagleton, (1993),
"Talvez tudo deve se tornar estético. 
A verdade, o cognitivo,
torna-se aquilo que satisfaz a mente (...) A moral é
convertida numa questão de estilo, de prazer ou de
intuição. Como viver sua vida de forma mais adequada ? –
Tornando-se a si mesmo uma obra de arte – é a resposta."
(Eagleton, 1993, p.206)
  Se o ato sexual ou a idealização desse ato não é reconhecido pelo neurótico como algo positivo, ou se o neurótico não reconhece que o ato ou o gozo que demandará da continuidade da ação conjunta que lhe restará em gozar e esse gozar lhe fará ou lhe trará satisfação, e lhe impedirá ou interromperá seu processo de sofrimento, ou, ainda, se o neurótico não reconhece seu sofrimento como sendo justamente o ato repetitivo de não se deixar relacionar, logo, não lhe permitir a possibilidade do gozo, isso implica em uma não realização e o paciente neurótico não investe em sua conclusão interrompendo, assim, seu percurso natural ou o percurso que o levaria ao gozo.
  Entendendo que o sofrimento não seja compreendido, reconhecido, percebido ou, mesmo de alguma forma reconhecido porém insistentemente negado (pra si mesmo) pelo neurótico antes dos seus desdobramentos ou dos desdobramentos que lhe levará ao gozo e, apenas depois desse interrompimento, como já descrito, por motivos reais ou imaginários, é que aí sim se perceba, reconheça e admita-se que não houve o gozo ou o gozo mais uma vez não lhe será possível, ou não lhe será possível gozar visto o interrompimento deste (pelo próprio sujeito desejante do gozo) é que  começará, então, os sintomas mais claros e forneça informações mais detalhadas sobre o próprio sofrimento e sua neurose que, se não esclarecida a tempo poderá se transformar em uma psicose. Essa sim real e, muitas vezes, imperceptível para o neurótico que, dificilmente a reconhecerá se não através de um diagnóstico especializado ou de uma medicação apropriada.

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